Iza estrela primeira capa de revista internacional e destaca representatividade preta.

''É comovente quando as pessoas dizem que sou um símbolo de beleza no Brasil. Mas sempre digo que eu só posso representar algumas pessoas, e não todas as mulheres negras. Somos plurais, tão diferentes, precisamos de mais espaço'', fala Iza, que relembra as dificuldades que passou quando era criança, por conta de seu cabelo e sua cor.
''Quando eu era mais jovem, tipo 12 anos de idade, eu pedi a minha mãe para alisar meu cabelo. Eu falava, 'Por favor!'. Eu não aguentava mais na escola. Eu apenas queria me encaixar. Eu não tinha as ferramentas para cuidar do meu cabelo natural. O fato é que é muito difícil criar amor-próprio quando o mercado, quando o mundo, não te dá as escovas certas'', conta a cantora.
Iza faz questão de eslarecer que uma mulher preta é bem mais que seu cabelo, contando sobre a vontade constante de mudar o visual, com os cabelos naturais ou não. ''Primeiro que mulheres negras foram atacadas por conta do cabelo natural, porque era visto como sujo, danificado, era alvo de piadas racistas e os fios naturais, mesmo sabendo que o chefe poderia dizer que era inapropriado, ou o namorado não te achasse tão bonita. Isso era político porque estávamos dizendo: 'Estou usando meu cabelo natural, não me importo com o que você pensa'. Esse foi o primeiro momento da resistência, que foi muito importante. Mas também acho importante que as mulheres, em geral, são livres para usar e serem o que quiserem. Se quiser ir natural, eu vou, se quiser ficar careca, vou ficar, e se quiser usar algo liso e loiro, usarei. Eu não sou o meu cabelo. Sou mais do que isso''.
No Brasil, segundo o IBGE, 56% da população brasileira se considera preta ou parda, enquanto 44% se considera branca. Apesar de estarem em menor número ganham, em média, 74% a mais do que os negros e pardos. Um relatório publicado pelo Minory Rights Group Internacional diz que 78% dos afro-brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, em comparação com 40% dos brancos.
Iza entende bem essa desigualdade. ''Infelizmente, sou uma exceção aqui no Brasil. Sou uma negra com formação superior e isso não é uma coisa que se vê muito. A população negra é a parte mais pobre da nossa sociedade''.